Desvendando os segredos da Gematria: uma técnica ancestral de numerologia

A numerologia é uma prática ancestral com origens nas culturas da Babilônia e do Egito faraônico, muito antes dos números arábicos se popularizarem. Filósofos gregos, como Pitágoras, considerado o pai da numerologia, viam os números como arquétipos essenciais da vida.

Platão e Aristóteles também exploraram esses conceitos, reconhecendo a importância dos números no entendimento do universo. Eles acreditavam que os números possuíam um significado metafísico e governavam aspectos fundamentais da existência.

As origens da Gematria

A Gematria é uma técnica numerológica antiga, originada em culturas como a assíria, babilônica e grega, que foi amplamente adotada pelo misticismo judaico, especialmente na Cabala. Esse sistema místico busca entender os mistérios contidos na Bíblia, na criação e no Torá, atribuindo um valor numérico a cada letra do alfabeto. Ao somar os valores das letras de uma palavra, é possível compará-la com outras palavras que possuam o mesmo total numérico.

No misticismo hebraico, a Gematria associa as letras do alfabeto hebraico a números específicos. Cada letra é desenhada com um significado simbólico, que é revelado através da interpretação numerológica. Esse sistema permite uma compreensão mais profunda das letras e palavras no contexto espiritual.

“Ao somar os números que correspondem às letras, os místicos buscavam padrões ocultos nas escrituras, relacionando palavras com valores semelhantes. Essa prática visava desvelar mensagens escondidas e conexões espirituais dentro dos textos sagrados.”

A Gematria e o ocultismo

Alguns ocultistas utilizaram esse sistema de numerologia e chegaram a associar os significados da Gematria às cartas do tarô. Eliphas Levi, autor do livro “a história da magia”, recomendava essa prática. Para relacionar a Gematria com o tarô, os 22 Arcanos Maiores teriam seus valores numéricos calculados com base nas 22 primeiras letras do alfabeto hebraico.

Os rituais da famosa ordem hermética da aurora dourada também faziam uso da Gematria, assim como a magia cerimonial de Aleister Crowley, que publicou um manual de interpretação numerológica chamado 777.

A cabala e a Gematria

Os usos originais da Gematria na cabala estavam profundamente ligados às interpretações bíblicas. Segundo o livro do Gênesis, Deus criou o universo através do verbo, simbolizando o início da existência. Para os estudiosos da cabala, a criação divina se baseou no poder das letras e palavras hebraicas, associadas aos números.

A interpretação dos textos bíblicos por meio da numerologia permitia um entendimento mais profundo dos mistérios da criação. Um exemplo conhecido é a interpretação do versículo 14 do capítulo 14 do Gênesis, onde se menciona que 318 homens ajudaram Abraão a combater um exército inimigo.

Pela Gematria, 318 corresponde ao nome do servo de Abraão, Eliezer, sugerindo que foi Eliezer, e não os 318 homens, quem auxiliou Abraão. Outra interpretação é que 318 equivale à palavra “siach”, que significa “fala” em hebraico, indicando que Abraão pode ter derrotado seus inimigos pronunciando o nome sagrado de Deus, representado por esse número.

O nome de Deus é um dos conceitos mais sagrados da cabala. O tetragrammaton, ou YHWH, é associado a justiça, moralidade e graça, enquanto Elohim representa a força criativa e original do universo.